Paper

Reciclagem industrial e artesanal: vale tudo para evitar o desperdício de papel

O gosto por trabalhos manuais já vem desde a infância. Tintas, madeiras, pincéis, feltros e todos os materiais que possam ser usados para criar objetos de decoração são uma paixão. O blog 'Porque Gosto' foi criado com essa motivação.

Por lá são publicados trabalhos com um único objetivo: compartilhar o aprendizado obtido através das experiências. Ultimamente, o foco tem sido a reciclagem artesanal, o que despertou a curiosidade em relação à reciclagem industrial. No contexto da indústria do papel, percebe-se uma evolução positiva na reciclagem de papel e cartão: mais da metade das 90 milhões de toneladas produzidas na Europa no ano passado foram feitas a partir de fibras recicladas.

O processo de reciclagem começa por remover dos papéis usados todos os elementos contaminantes e, se necessário, os resíduos de tinta. A matéria-prima resultante desse processo pode ser usada para produzir papel 100% reciclado ou papel com uma mistura de fibra reciclada e fibra virgem, dependendo das características desejadas.

Tanto a fibra reciclada quanto a virgem têm seus benefícios. Na prática, a fibra reciclada não existiria sem a fibra virgem, já que a demanda por produtos de papel e cartão não seria atendida sem ambas. A produção contínua de árvores para a celulose virgem auxilia na redução do efeito estufa.


“(…) estamos a evoluir no bom sentido quando se fala de reciclagem de papel e cartão: só no ano passado, das 90 milhões de toneladas que a Europa produziu, mais de metade foram feitas a partir de fibras recicladas.”

Uma fibra pode ser reciclada várias vezes, mas não indefinidamente. A reciclagem de papel necessita de acrescentar uma certa quantidade de fibras novas por cada vez que há um ciclo de reciclagem. Além disso, muitos tipos de papéis exigem fibra virgem na sua composição para alcançar as propriedades técnicas adequadas.

E podemos reciclar todo o tipo de papel? Infelizmente, não. Em média, cerca de 22% do papel utilizado não é possível ser reciclado… Gorduras, alguns tipos de verniz, plastificação, tudo isso contribui para um ponto final na vida de um papel. Isto faz com que tenha de se produzir novo papel continuamente e, graças a essa necessidade, a indústria acaba por promover a plantação e manutenção de florestas que, só na Europa, cresceram 44.000 km2 nos últimos dez anos!

Na verdade, não fosse a situação de pandemia em que nos encontramos actualmente e os números da reciclagem continuariam a melhorar. Portugal, por exemplo, não está a sair-se nada mal! De acordo com a Sociedade Ponto Verde, a reciclagem de papel e cartão aumentou 14% em 2019, comparativamente a 2018. E todos podemos fazer um pouco. Puxem pela imaginação, recolham, reutilizem…

Descobrimos como poderíamos fazer a nossa parte quando visitamos a nossa unidade de produção gráfica, a Printzone. Apesar de estarmos familiarizados com os processos de produção, admitimos que não tínhamos noção da enorme quantidade de sobras de papel que as gráficas enviam para reciclagem.

Sempre que aconselhamos um cliente ou começamos a projetar algo para impressão, tentamos evitar ao máximo o desperdício de papel, otimizando as dimensões das máquinas e planejando sempre com eficiência de materiais em mente. No entanto, quando estamos sentados ao computador a fazer a paginação, a desenhar ou a orçamentar, é difícil visualizar o desperdício real: todos os testes, repetições, ajustes, margens cortadas, aparas e tiras...

Claro que gostamos de criar novos objetos, reciclar é também um desafio, ou não acolhemos com alegria todos os processos de transformação! Vemos o valor que há em reaproveitar materiais que, à partida, seriam para deitar fora, e é um verdadeiro prazer transformá-los em algo novo e útil.

Aqui está uma “receita” de papel reciclado artesanal, que pode ser modificada ao gosto de cada um, e que espero que ajude a combater o desperdício e animar algumas tardes em família.

Materiais necessários:

Papel (de jornal, fotocópia, revistas, etc. Evitar o papel plastificado) . Água . Liquidificadora . 2 molduras de madeira do mesmo tamanho (uma delas com rede mosquiteira ou tule) . Tabuleiro retangular . Esponja . Panos absorventes. Corante alimentar (opcional) . Folhas, pétalas e especiarias (opcional)

Vamos começar por cortar o papel em pedaços e deixá-lo de molho durante algumas horas. Se estivermos a utilizar folhas de jornal, o papel reciclado tende a ser mais escuro, por causa da tinta.

Depois de demolhado, coloca-se o papel na liquidificadora, adicionando mais água se necessário, antes de triturar. Quanto mais líquida ficar a pasta obtida após este processo, mais fino fica o papel reciclado.

Este preparado é então colocado num tabuleiro e é nesta altura que, opcionalmente, se podem adicionar algumas gotas de corante alimentar, para dar cor, e folhas ou pétalas a gosto. As crianças gostam sempre desta parte!

Vamos depois juntar as duas molduras: a que tem a rede mosquiteira deve ficar com a rede voltada para cima e a que não tem rede deve ficar por cima desta. O objetivo é mergulhar as molduras no tabuleiro, retirando-as em seguida e deixando escorrer a água. O excesso de água deve ser retirado com uma esponja (com cuidado para o papel não vir agarrado!)

Nesta fase a moldura sem rede já pode ser retirada e pode colocar-se um pano sobre a moldura com rede e aplicar uma esponja por cima desta, para retirar uma vez mais o excesso de água. Após retirarmos também esta moldura, colocamos o pano com o nosso papel ao sol para que seque bem.

Uma vez seco, o papel está pronto a viver a sua segunda vida!

Este é um tipo de papel único e especial, ideal para fazer etiquetas, convites, para forrar cadernos, etc… assim haja coragem para o cortar! Fica à imaginação de cada um.

Se gostaram desta técnica e a vão experimentar com os restos de papel aí de casa, contem-me como saiu a vossa criação.

Quem sabe não vos sai um Finepaper?


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