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Um ciclo de vida mais natural para as embalagens é possível e recomenda-se

Já foi mencionado em um artigo anterior os efeitos nefastos resultantes da devastação causada pelo homem ao meio ambiente.

É encorajador perceber que, como produtora gráfica, a Finepaper enfrenta um desafio crescente a cada dia, com clientes mais preocupados com a sustentabilidade, exigindo respostas mais detalhadas e empenhados em buscar novas soluções.

A preocupação pelo futuro e a disseminação massiva de notícias desoladoras sobre questões ambientais indicam uma verdadeira mudança de mentalidade. Evidencia-se a compreensão de que o que temos feito (e continuaremos a fazer, se não mudarmos nossa atitude urgentemente) tem consequências terríveis para o futuro de todos os seres vivos.

Diariamente, clientes solicitam algo reciclado ou reciclável, porque este é o caminho mais curto, no senso comum, para atingir a sustentabilidade. É a forma que as pessoas encontraram de pedir ajuda para melhorar. Agora é quase uma moda, mas uma moda daquelas boas, como as calças de ganga; tem anos, gostamos e queremos que fiquem por muito tempo. É uma moda que vai passar gerações, sempre em busca de mais e melhores soluções para o planeta. E não vamos ficar apenas pelo reciclado.

Novas formas de produção são apresentadas diariamente, soluções inovadoras que prometem dar volta aos maiores problemas ambientais, com recurso a matérias primas que ninguém tinha dado uso… até agora!

Voltemos à questão do reciclado ou reciclável. Quantas vezes ouvimos estes termos sem saber ao certo o seu significado? São palavras intimamente ligadas ao que entendemos genericamente por sustentável, ecológico. E é assim, muitas vezes sem plena noção do que estamos a pedir, que dizemos que queremos ajudar a evitar o desperdício. Mas será esta a forma mais correta de agir?


Novas formas de produção são apresentadas diariamente, soluções inovadoras que prometem dar volta aos maiores problemas ambientais, com recurso a matérias primas que ninguém tinha dado uso… até agora!

Podemos fazer um exercício muito simples. No parágrafo seguinte, vamos colocar algumas questões de conhecimento geral. Pensem de imediato na resposta e eu, à distância deste ecrã, tentaremos ler-vos o pensamento.

Qual a cor que acham estar associada a temas como ecologia, sustentabilidade, natureza? E que matérias primas, consideram sustentáveis, ecológicas? E o papel reciclado, é branco puro? E qual a melhor atitude que podemos tomar perante uma embalagem?

Agora vamor aplicar a nossa magia e dizer-vos aquilo em que pensaram: a cor que pensamos é o verde e os materiais são o cartão ou papel e madeira. O papel depois de reciclado, nunca é branco, é sempre um pouco mais “sujo” e a reciclagem das embalagens é a cereja no topo do bolo.

Acertámos? Sabem porquê? Porque temos o nosso cérebro formatado com o que vemos, ouvimos e às tantas as respostas são generalizadas. Vamos tentar mudar um pouco a perspectiva.

O sustentável é o que não prejudica a Natureza porque faz parte dela. Quanto mais naturais forem as coisas, quanto mais em sintonia estivermos com o que nos envolve, mais ecológicos seremos! E a natureza é linda… Não é verde e castanha! É uma infinidade de cores, texturas e formas. E não é só madeira e celulose! É água, terra e ar e todos os elementos que a compõem poderão trazer uma infinidade de soluções que nos ajudarão a sermos melhores e a co-habitar com a natureza de forma equilibrada.

Se pensarmos que 80% do lixo que produzimos não é orgânico e que, na sua maioria se trata de embalagens, devemos esforçar-nos para melhorar e combater o desperdício.

A melhor forma de o fazer é pensar na embalagem com um ciclo de vida natural. Todos os seres nascem, crescem, vivem e morrem. Assim devemos pensar quando criamos um objecto, no nosso caso, gráfico: design, produção, distribuição, consumo e fim de vida.

O principal objectivo na criação sustentável  será sempre reduzir: materiais, processos de produção, energia, água, transportes, volumes, pesos…

Depois de produzido há que pensar em reutilizar e reintegrar, prolongar a vida útil do objecto antes de o deitar fora. E este último passo deve ser o mais natural possível, em simbiose com a Natureza: regenerar!

O melhor a fazer é reutilizar, reintegrar e em último caso, reciclar.

Vamos falar um pouco dos processos de reintegração de materiais em final de vida, esclarecer as diferenças entre cada uma das designações e assim, dar-vos a possibilidade de ir um pouco mais longe do que a simples reciclagem.

Todos os seres nascem, crescem, vivem e morrem. Assim devemos pensar quando criamos um objecto, no nosso caso, gráfico: design, produção, distribuição, consumo e fim de vida.

Materiais recicláveis e reciclados

Os materiais recicláveis são todos aqueles que devemos depositar nos ecopontos, identificados como tal: papel, metal, plástico, vidro… mas, não são necessariamente reciclados.

Os reciclados são todos aqueles que já passaram por um processo de transformação e que regressaram sobre a mesma forma ou outra.

Muita atenção a isto: nem sempre o que é reciclado é sustentável!

O que envolve a reciclagem? Transporte, energia, água, todo um novo processo. Vale a pena pensar se esta etapa se justifica ou se estamos a agravar a sustentabilidade de processos.

Para ser sustentável, o material reciclado deve voltar a integrar-se naturalmente no meio ambiente ou ser novamente reciclado, idealmente de forma infindável.

Temos muitos clientes que já recorrem aos nossos papéis reciclados: publicações, folhetos, catálogos, postais, envelopes, uma infinita possibilidade de produção de materiais de comunicação.

Papel é uma matéria que é processada para reutilização, tornando-se papel reciclado mas não o pode ser infinitamente. Após 7 processos, as fibras tornam-se muito fracas e curtas demais para criar novos produtos.  Logo, é um material reciclável que pode ser reciclado.

Para ser sustentável, o material reciclado deve voltar a integrar-se naturalmente no meio ambiente ou ser novamente reciclado, idealmente de forma infindável.

Os plásticos, têm propriedades muito específicas. Quando misturados com outros plásticos perdem as suas propriedades, tornando-se mais fracos. A não ser que sejam devidamente separados, estes nunca mais voltarão a ser os originais. Um bom exemplo de separação é o projecto Do Velho Se Faz Novo, em que garrafas de plástico são recicladas e dão origem a novas garrafas, porque a matéria prima base é comum.

O vidro e o alumínio são materiais fantásticos, reciclados infinitamente sem perder as suas características originais.

Quanto ao aspecto, existem muitos materiais reciclados que não têm o aspecto de já terem passado pelo processo e que a única forma de sabermos que já o foram é através de simbologias, informação passada ao consumidor.

Os selos e algumas certificações são a principal forma de comunicar, dar a perceber o que são os materiais, as suas origens e qual o final que lhes podemos dar. Assim podemos fechar o ciclo de uma forma coerente e bem executada. Mas isto deixo para uma futura abordagem.

Materiais Biodegradáveis e compostáveis

Estas são formas de finalizar o ciclo de vida de uma matéria.

Para saber o que é biodegradável e compostável, vale a máxima: nem toda embalagem biodegradável é compostável, mas toda embalagem compostável é biodegradável.

Batatas, uvas, camarão, coco, açúcar, cogumelos, leite… não estamos a falar da lista do supermercado, feita em papel também ele biodegradável. Estamos a falar de possibilidades de embalagem sustentável. Estes materiais degradam-se de uma forma natural e biológica porque são compostos por elementos orgânicos. Esta é a forma mais simples de fazer desaparecer uma embalagem.

Vejam aqui como a Veuve Clicquot, já lá vão 7 anos, decidiu aproveitar a batata para fazer uma embalagem espectacular: biodegradável, protectora e isotérmica que mantinha o champagne fresco.

São matérias primas completamente compatíveis com a Natureza ou, se for  necessário atribuir-lhes uma maior resistência, como no caso de embalagens alimentares ou de protecção rígida, necessitam de  ser degradadas através de métodos laboratoriais.

Mas, na verdade, enquanto o processo de biodegradação não acontece, a poluição mantém-se. Continua a ser lixo visível, embora com uma menor duração temporal, reduzindo as hipóteses de entrada na cadeia alimentar e poluição dos mares, desde que bem separados.

O facto de termos algo biodegradável, não pode servir de desculpa para um final de ciclo incorrecto. Estes materiais degradam-se em atmosferas controladas, com condições adequadas de luz, humidade, temperatura e quantidade correta de micro-organismos, em centros de compostagem. Caso estas embalagens acabem num aterro, haverá uma baixa concentração de oxigénio, o que dará origem à produção de gás metano, um dos gases que mais contribuem para o efeito estufa. É importante saber que uma embalagem biodegradável, não tratada devidamente, pode levar anos a desaparecer e que, caso seja misturada a outros plásticos no processo de reciclagem, pela sua indevida separação, pode acabar por contaminar todo o processo e inutilizar a matéria prima que poderia ser reutilizada.

Uma das principais formas de definir se o material é biodegradável ou não, é o tempo que este demora para ser decomposto. Materiais biodegradáveis são apenas aqueles que demoram semanas ou meses para se decompor.  Nesse contexto, se  são decompostos por micro-organismos, mas demoram muitos anos para desaparecer na natureza, não são considerados materiais biodegradáveis.

Com uma diferente definição da embalagem biodegradável, as embalagens compostáveis são aquelas que além de se degradarem num curto espaço de tempo, geram unicamente água, dióxido de carbono e húmus.

Compostagem é um processo biológico de transformação da matéria orgânica num produto estável, rico em substâncias húmicas, higiénico, sem cheiro ou com cheiro e aspecto a terra, chamado composto. Neste processo os resíduos sofrem uma decomposição aeróbia controlada (fermentação na presença de oxigénio) pela atividade de microrganismos (bactérias, leveduras, fungos…), com a libertação de calor, dióxido de carbono e água.

Estas embalagens podem ser colocadas no lixo orgânico porque se vão decompor num curto espaço de tempo.


Uma embalagem biodegradável, não tratada devidamente, pode levar anos a desaparecer e que, caso seja misturada a outros plásticos no processo de reciclagem, pela sua indevida separação, pode acabar por contaminar todo o processo e inutilizar a matéria prima que poderia ser reutilizada.

O nosso papel de sementes é uma óptima matéria compostável, biodegradável: comunica e depois de usado, enterramo-lo e nascem flores… margaridas, papoilas… Podem ver o sucesso que foi o projeto HM: vasos biodegradáveis, feitos a partir de amido de milho, papel de sementes, caixa de cartão reciclado, palha em vez do plástico bolha. Um processo ecológico de A a Z do qual muito nos orgulhamos de ter participado!

Todos sabemos que a área gráfica produz muito lixo e poluição. Cabe-nos a nós enquanto produtores, clientes e consumidores minimizar o impacto daquilo que fazemos, compramos e usamos.

O novo consumidor exige informação e procedimentos que possam ajudar a dar um final de vida  adequado aos projectos e nós cá estamos para ajudar.

No fundo o que se pretende é que uma simples embalagem, que é essencial no nosso dia a dia para transportar ou proteger, mas que nos causa tantas dores de cabeça ambientais, se converta numa ferramenta de transformação, de mudança de atitude para vivermos num mundo melhor!

A nossa função é encontrar o caminho… É a nossa Natureza!

Copy editor: Spice. Creative Seasoning

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